O presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública (AHBVSP), Carlos Castanheira Penas, anunciou, em dia de aniversário, a aquisição de uma nova ambulância e disse ainda estar prevista a criação de uma segunda Equipa de Intervenção Permanente (EIP) e a aprovação de uma candidatura ao nível da eficiência energética que irá permitir intervencionar o edifício dos bombeiros num investimento de 140 mil euros.
Falta de reconhecimento
Há 14 anos a comandar a corporação dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública (BVSP), José Carlos Silva admite que a vida de bombeiro nem sempre é fácil uma vez que são chamados para acorrer a todo o tipo de situações e lamenta que o Governo nem sempre reconheça o serviço que prestam às populações.
“Somos o braço forte da Proteção Civil, apesar de não sermos muito reconhecidos nesse sentido a nível do Governo. Mas estamos sempre prontos para dar o que podemos para ajudar a população, e é isto que tem sido ao longo destes anos, inclusive durante a pandemia, onde estivemos sempre prontos no que foi preciso, até no transporte de doentes com covid-19, coisa que mais ninguém quis fazer”.
Além de serem os responsáveis por grande parte do trabalho ao nível de proteção civil, os bombeiros são ainda chamados a apoiar em cerca de 90% dos casos a atividade pré-hospitalar, coordenada pelo INEM. Neste caso, José Carlos Silva salienta que já houve uma melhoria mas mesmo assim ainda não é totalmente satisfatória para dar resposta à atividade dos bombeiros.
Ao nível da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o comandante lamenta que esta só se lembre dos bombeiros no verão “porque precisa deles”, dando “uma gratificação diária a cada bombeiro”, que na sua opinião acaba também por ser insuficiente.
Sobre as recentes notícias sobre a atribuição dos montantes de investimentos previstos para equipamentos de proteção individuais florestais para os bombeiros e para a Unidade de Emergência Proteção e Socorro (UEPS), da Guarda Nacional Republicana (GNR), José Carlos Silva lembra que mais uma vez o Governo se esqueceu dos bombeiros porque, contas feitas, para equipar um bombeiro apenas são dados cerca de 280 euros, já para um militar da GNR são cerca de 2.800 euros.
Refira-se que o conjunto de investimentos previstos para os bombeiros é de cerca de seis milhões, contra três milhões estabelecidos para a UEPS/GNR. Contudo, de acordo com a ANEPC, estão envolvidos no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) 1.140 militares da UEPS e 20.000 bombeiros.
Espírito de missão
Ser bombeiro é muito mais do que uma paixão ou do que um traje. Para se ser bombeiro é preciso nascer com essa motivação e com o espírito de missão ao serviço da comunidade.
“A motivação tem de partir da própria pessoa, porque senão não se conseguem manter porque, como disse ,existem várias adversidades e por vezes não é fácil. Mas no fim, aqueles que ficam, acabam por ter aqui uma segunda família”, sublinhou José Carlos Silva.
Em dia de aniversário, o comandante lembrou que a cativação de novos elementos tem sido uma dificuldade e aproveitou para fazer um apelo: “Quem estiver interessado estamos abertos durante todo o ano a receber nova gente, não é apenas para jovens, pessoas até aos 40 anos podem ingressar nos bombeiros”.
Honrar os que serviram
A Associação Humanitária dos BVSP foi fundada a 30 de junho de 1936, contudo, já um grupo de bombeiros tinha criado a associação a 7 de junho. A cerimónia do 86º aniversário dos bombeiros iniciou no quartel com o hastear da bandeira, seguindo-se as condecorações e a atribuição de uma medalha de 25 anos, grau ouro, duas medalhas de 15 anos e três pelos cinco anos ao serviço da corporação. No quartel foi ainda feita a promoção de um dos elementos a oficial de bombeiro.
Os bombeiros prestaram depois honras ao Senhor dos Passos, santo padroeiro, desfilando pela cidade e homenagearam os bombeiros, sócios e diretores já falecidos. A festa terminou com o corte do bolo de aniversário e um lanche convívio.
“Esta é uma data que tem de ser celebrada, embora estejamos ainda numa fase pós pandémica o que não nos permite estender as comemorações ao público. Por isso decidimos fazer esta cerimónia sobretudo para os bombeiros”, rematou o comandante dos bombeiros.





































































































