Depois da tragédia dos incêndios do verão do ano passado, que dizimaram milhares de hectares de floresta, destruíram casas e provocaram o pânico no concelho, Chaves voltou a ser notícia, desta vez pelas cheias Tâmega.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) lançou “alerta vermelho” por causa da chuva intensa prevista para a noite da passagem de ano. A Câmara de Chaves, numa atitude preventiva cancelou os festejos de fim de ano, replicou o aviso da ANEPC e alertou para o risco de inundação do rio Tâmega.
O primeiro dia do ano veio a confirmar as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para o mau tempo, com chuva intensa e vento forte em vários locais da zona Norte do país.
Em Chaves a situação mais preocupante foi a subida do caudal do rio Tâmega que alagou primeiramente a margem esquerda e depois a direita, provocando vários danos em cafés e restaurantes situados junto à Ponte Romana e outros estabelecimentos na freguesia da Madalena.
Foi o que aconteceu a Domingos Benito. Encontramos este funcionário da Casa Benito a retirar algum do material que ainda tinha na cave, que ficou completamente alagada devido à enchente do rio Tâmega.
Há mais de dez anos que não havia uma cheia tão grande
“Tirei mangueiras, máquinas, tirei praticamente tudo que estava um bocado mais abaixo. Mas os prejuízos ainda são alguns”, conta este flaviense enquanto limpa um compressor.
Domingos diz que a última cheia de que se lembra já foi há mais de uma década, antes de alargarem o rio e realizarem trabalhos de limpeza junto ao “moinho”.
“No dia anterior ainda cá vim. O rio vinha pela margem, ainda não tinha galgado nada. Pensei que não ia acontecer nada, mas afinal...”, desabafa.
Uns metros mais à frente, também na freguesia da Madalena, Márcio Seara aguarda que o carro onde seguia por volta das 9h de segunda-feira seja rebocado.
“Habitualmente faço este trajeto. A estrada não estava cortada e não tive bem a noção da altura da água e arrisquei passar. Quando cheguei a meio o carro deixou de funcionar”, relata este flaviense que acabou também por ser afetado pelas cheias.
"A água chegou a ter um metro de altura"
A Polícia de Segurança Pública (PSP) acabaria por colocar no local sinalética a proibir a circulação automóvel. Aliás, a presença da PSP, Bombeiros e Proteção Civil era visível nos locais mais afetados pela água.
Do outro lado da ponte, há quatro anos que a água não chegava à rua da casa de venda de artigos de pesca e recordações. Segunda-feira esteve impedida de abrir a porta para receber clientes.
Na parte debaixo da loja, a água chegou a ter um metro de altura. Miro Morais, proprietário da Estrela Transmonta, precaveu-se e no dia anterior já tinha retirado grande parte do material que guardava na cave do estabelecimento. Contudo, teve de regressar para salvar também os artigos das prateleiras, pois “não estava à espera que a água subisse tanto”.
Nas casas ao lado foram poucas as pessoas que decidiram ficar e saíram antes que a rua de acesso às suas habitações fosse inundada.
O nível da água do rio começou a regressar à normalidade ainda na segunda-feira.
















































