COMBOIO “DOS SONHOS”
Quem passa na Estrada Nacional 103, que liga Chaves a Boticas, na aldeia de Curalha, repara, inevitavelmente, na antiga Estação do Tâmega, adaptada a habitação, mas com os traços todos originais dos propósitos que serviu, incluindo um comboio, composto pela locomotiva de antigamente, movida a carvão e a composição de passageiros e de mercadorias.
Era assim que, há algumas décadas, aquela Estação ferroviária, se apresentava perante a sociedade flaviense, passando junto ao rio Tâmega e servindo toda a população do Alto Tâmega.
Foi José Morais que, em 2002, e por 125 mil euros, adquiriu a Estação do Tâmega, construída em 1920, na linha do Corgo, agora extinta, e a restaurou.
O empresário luso-americano, com o título de Comendador, não só reabilitou as casas e o terreno, como também, a linha de ferro e, mais tarde, cumpriu o sonho de ali ter um comboio, dando alma à memória do espaço que aquele todo representa.
Em 2007 comprou uma peça única do património ferroviário a vapor, uma locomotiva a carvão, de marca Henschel e Sohn E-212 a vapor, que circulou na via férrea do Corgo até finais de 1980.
Foi comprada à REFER por este empresário luso-americano e a esposa, Josefina Morais, com quem é casado há mais de 50 anos, sendo também ela natural de Curahlha, e dividem o seu tempo entre Portugal e os Estados Unidos da América, onde têm filhas, netos e as suas empresas, ligadas à produção de vinho, turismo e eventos.
A locomotiva foi carregada com recurso a uma grua que suportava 227 toneladas e, na altura, demorou uma hora e meia a ser colocada no camião para ser transportada até Curalha.
Mas, porquê a paixão pela Estação e pelos comboios?
"Estudei em Chaves e fazia o percurso entre a aldeia e a cidade, de comboio, tendo grandes e boas memórias de infância e adolescência dessas viagens e do ambiente e azáfama que se vivia nesta estação", revelou ao Diário de Chaves o Comendador, de 71 anos.
Só na compra da locomotiva e no seu transporte, José Morais gastou na altura mais de 100 mil euros.
O espaço mantém-se como há muitos anos, recuperado e, o empresário quer que todos possam, a partir do seu projeto, do seu sonho, visitar a antiga linha do Corgo, saber a sua história e conhecer o passado das gentes desta região.
Já vários produtores de filmes franceses lhe pediram o cenário para a realizações cinematográficas, pedido que o empresário aceita sem exigir dinheiro, apenas para que o seu legado, o seu sonho, e a memória da vida de muita gente, seja relembrada.
Quem quiser visitar o espaço, basta perguntar na casa ao lado e agendar a visita, que por norma é conseguia na hora.
Além disso, o espaço é cedido para quem assim o pretenda, como realização de eventos e até acampamentos.
Empresário multifacetado, com uma trajetória marcada pelo mérito e resiliência, o self-made man luso-americano de raízes trasmontanas, que é também um colecionador de carros antigos, dedica-se presentemente, no estado da Virgínia, à produção de vinhos “Morais Vineyards”.

Locomotiva a vapor.


Máquina foi comprada à REFER.





Composição de passageiros da altura.

Linha férrea do Corgo.

Um dos edíficios da antiga Estação do Tâmega, em Curalha.


José Morais tem 71 anos e é um empresário luso-americano.

Empresário dedica-se à produção d evinhos, turismo e eventos nos Estados Unidos da América.

Interior da locomotiva a vapor.

Interior da composição de passageiros.

Composição de transporte de mercadorias da altura.
