A abertura 24º. ano letivo da Universidade Sénior Rotary de Chaves marcada com a celebração do seu aniversário, a apresentação do novo projeto cultural Via XVII – Grupo de Artes e Letras e com uma palestra sobre envelhecimento saudável.
Este ano entraram na Universidade Sénior de Rotary de Chaves perto de 30 novos alunos, juntando-se aos cerca de 200 estudantes seniores que frequentam já esta instituição.
Para este ano, e depois de dois anos de pandemia, a professora Emília Nogueira, diretora da Universidade Sénior, confessa que as “expectativas são muito elevadas” e que tem havido grande procura pelas cerca de 30 unidades curriculares disponibilizadas pela universidade, atividades físicas, dança, e ainda outras palestras que são promovidas ao longo de cada mês.
“Temos disciplinas novas, como ‘Mitos e ritos ancestrais’, ‘História e Cultura de Chaves’, ‘História da Língua Portuguesa’… as pessoas estão a aderir muito bem ao novo projeto curricular, não só ao nível dos alunos, mas também de formadores que têm vindo cá oferecer-se para trabalhar connosco”, salientou Emília Nogueira.
A Educação é uma grande aposta do Rotary Internacional, nomeadamente ao nível da alfabetização e da educação básica nos países subdesenvolvidos. Ultrapassada essa situação no nosso país, Emília Nogueira considera que ainda continuava a haver uma lacuna entre a população mais velha, num espaço onde pessoas tivessem a oportunidade de “partilhar saberes” e de “envelhecer com qualidade”, nascendo assim há 23 anos a Universidade Sénior de Rotary de Chaves.
Partilhamos afetos
“É lamentável reduzir-se a velhice aos centros de dia. Nós aqui conversamos, aprendemos uns com os outros, partilhamos afetos. As pessoas não se sentem sós e ao nível da autoestima também é muito bom porque as pessoas cuidam mais de si quando saem de casa, por exemplo”, aponta a responsável.
Presente na cerimónia de abertura do novo ano letivo, o vice-presidente da Câmara de Chaves, Francisco Melo, destacou o papel daquele estabelecimento de ensino ao assegurar o direito à igualdade de oportunidades das pessoas mais velhas, assim como à igualdade de tratamento e de acesso a outras áreas importantes para um envelhecimento saudável e ativo.
“É importante que a longevidade seja aproveitada com prazer, com auto satisfação, através do convívio, combatendo as questões de isolamento e permitindo a possibilidade de discutir com outros temas que são importantes esclarecer. Esta instituição proporciona tudo isso”, sublinhou Francisco Melo.
O autarca relevou também o carácter voluntário deste estabelecimento de ensino que “oferece à comunidade o seu tempo e o seu saber”, permitindo um pensamento crítico.
Fundada a 12 de janeiro de 1999, a criação da Universidade Sénior em Chaves foi pioneira no país e também em todo o mundo, graças ao “sonho” do advogado e escritor Ernesto Areias em “dar qualidade de vida às pessoas menos jovens”, contando com o apoio do movimento rotário e da Câmara de Chaves.
“Via XVII - Grupo de Artes e Letras” um projeto para “servir melhor a comunidade”
“Passados 23 anos este projeto é reconhecido pelo Governo, pelas autarquias, pela comunidade e esse é um trabalho que demorou mais de 20 anos, mas conseguiu-se e hoje estão todos de parabéns. Obrigado por terem criado em Chaves este serviço para a comunidade”, disse o vice-presidente flaviense.
No seu discurso, Francisco Melo lançou ainda o desafio à direção da escola para a criação de uma “universidade digital” para conseguir envolver também aquelas pessoas que por vários motivos não têm a possibilidade de sair de casa, estando a autarquia disponível para apoiar com os meios necessários.
Durante a sessão solene de abertura do novo ano letivo, aberta pela presidente do Rotary Club de Chaves, Ilídia Rodrigues, houve ainda tempo para uma palestra sobre como envelhecer de forma saudável, proferida pela psicóloga Joana Carvalho, e a apresentação do projeto “Via XVII - Grupo de Artes e Letras” para “servir melhor a comunidade flaviense”.
Coube ao advogado e escritor Ernesto Areias dar a conhecer este novo projeto de índole cultural que promete pôr em destaque todos os escritores e artistas da região, verdadeiros promotores da sua Cultura. Trata-se de uma iniciativa de “de inclusão cultural” e de “cooperação” entre todos que dela queiram fazer parte.
“Foi a Via XVII, dos autores da romanização, que colocou Aquae Flaviae no epicentro do Noroeste peninsular, com ligação a Oeste a Bracara Augusta e a Este a Asturica Augusta, a cuja chancelaria pertencíamos. Talvez este seja o nosso primeiro passo de afirmação, daí a designação simbólica da Via XVII para o Grupo de Artes e Letras”, esclareceu o advogado.
Criação de um Conselho Municipal de Cultura
Do programa de atividades consta a realização da Festa da Literatura, que vai já na sua 6ª. edição, com a presença de escritores e a exposição de vários trabalhos de pintura, faz ainda parte a publicação anual de coletâneas de Poesia e de Contos, ilustrada por pintores da região, e a edição de uma revista académica denominada “Via VXII”.
Serão ainda promovidos lançamentos de livros e a organização de seminários de formação para escritores e artistas. Segundo explicou este escritor flaviense, é objetivo da Via XVII “animar a região” com tertúlias itinerantes.
Este espaço terá ainda uma “livraria e uma galeria online” para venda dos trabalhos dos escritores e pintores e será ainda realizado em Chaves um encontro anual de escritores e artistas. “Nós e os Livros” e “Nós e a Arte” são ainda outros dois projetos que se pretendem promover para dar voz aos agentes culturais.
“Vamos defender a criação de planos locais de leitura em cooperação com a Rede de Bibliotecas de Trás-os-Montes e também com a Rede de Bibliotecas do Alto Tâmega e Barroso”, acrescentou.
Ernesto Areias referiu também que defenderá a criação de um Conselho Municipal de Cultura.
Cerca de 30 novos alunos entraram este ano na Universidade Sénior
“Não se justifica que os escritores e os artistas não tenham a voz adequada. Temos de a ganhar e dar o contributo do nosso pensamento para o engrandecimento desta terra”, notou. Serão ainda atribuídos prémios rotários aos artistas e escritores que mais se destacaram.
Da comissão instaladora fazem parte Ilídia Rodrigues, Dulce Claro, Emília Nogueira, Ernesto Areias, Francisco Peixeiro, José Barbosa Machado, Carneiro Rodrigues, José Manuel Loureiro, Manuel Araújo, Manuela Rainho e Moisés Coelho.
Houve ainda tempo para dar a conhecer os novos alunos daquele estabelecimento de ensino, terminando com a atuação da Tuna Académica da Universidade Sénior e o corte do bolo de aniversário.
(Esq.) Joana Carvalho, psicóloga, Francisco Melo, vice-presidente da Câmara de Chaves, Ilídia Rodrigues, presidente do Rotary Club de Chaves, Emília Nogueira, diretora da USRC, e Ernesto Areias, advogado, escritor e um dos fundadores da USRC.
