O Rotary Club de Chaves assinalou, no sábado, o seu 29º aniversário em cerimónia comemorativa com uma agenda cultural intensa.
Participaram no acontecimento os rotários, alunos e professores da Universidade Sénior, associados do projeto rotário "Via XVII – Grupo de Artes e Letras", duas dezenas de instituições da cidade, organismos públicos e outras associações.
O programa teve início com a atuação da Tuna Académica da Universidade Sénior seguida de outros momentos de grande interesse.
Conversa improvável entre o Caudilho e Salazar
Da autoria do escritor flaviense, Ernesto Salgado Areias, os atores Carla Cunha e Sérgio Machado do Grupo de Teatro da Universidade Sénior protagonizaram a interpretação de uma rábula teatral que divertiu a plateia que enchia por completo o salão nobre da instituição.
A pequena representação consistia num diálogo improvável entre ambos os ditadores, que durante os seus consulados mantiveram um relacionamento eivado de cinismo e reserva mental.
Batalha do Cambedo de 1946 abordada no "4º Fórum Chaves do Futuro"
O professor universitário José Manuel Laureiro, em conferência, na sua qualidade de investigador e historiador, tratou da temática em epígrafe fazendo o enquadramento político, a problemática das aldeias promíscuas e a agonia dos guerrilheiros Maquis.
A Batalha do Cambedo, como ficou conhecida, apesar de parecer um acontecimento isolado e sem importância, teve em vista a destruição das denominadas aldeias promíscuas e os seus privilégios, além do combate aos Maquis, ou seja, aos guerrilheiros que depois da guerra civil prosseguiram a sua luta contra o franquismo.
O orador descreveu aquele período como tempos de terror e matança que ainda hoje são escamoteados quer por Espanha, quer por Portugal que teimam em não assumir a verdadeira história. Honra ao Cambedo e às suas gentes que foram apanhadas no centro de um furacão de violência sem qualquer culpa.
"Tibério, o burro fingido" foi apresentado
Na mesma cerimónia foi apresentado o livro infantojuvenil "Tibério, o burro fingido" da autoria do escritor flaviense Ernesto Salgado Areias.
A apresentação foi feita pela professora Emília Nogueira que proferiu ainda uma breve palestra sobre a importância da literatura infantojuvenil para a estruturação da linguagem e dos afetos
De notar que a professora Emília Nogueira abordou a importância para as crianças desta variante ou subgénero literário.
O autor destacou o desempenho da ilustradora Adélia Oliveira e do gráfico Dinis Lourenço na execução da obra. O autor definiu o livro como uma metáfora que versa sobre burnout, esgotamento laboral e exploração no trabalho e da enorme responsabilidade de escrever para crianças.
Sócio fundador José Moura recordou o intenso trabalho rotário
O associado José Moura fez uma abordagem sobre a obra do Rotary Club de Chaves ao serviço da cidade e da região e do seu desenvolvimento cultural e humano. Na sua intervenção destacou a importância dos 23 anos da Universidade Sénior e do mais recente projeto rotário, a Via XVII - Grupo de Artes e Letras, além das múltiplas parcerias e ações desenvolvidas voluntariamente.
Destacou ainda que o Rotary Club é cada vez mais uma tribuna aberta onde todos têm voz. "Tantos flavienses puderam até hoje manifestar os seus pontos de vista, os seus anseios, os seus sonhos sobre esta cidade e região", referiu o responsável.
Na sua opinião, as grandes transformações devem corresponder ao desejo de todos e devem contar com a cooperação de todos. "O associativismo é a caixa de ressonância de muitos anseios e alfobre de muitos contributos", rematou a sua intervenção.
Por sua vez, o empresário Fernando Laranjeira, ex-governador rotário, fez uma abordagem sobre a história do movimento no mundo, destacando alguns momentos importantes do historial do movimento ao longo dos seus 117 anos de existência.
Na sua intervenção, Fernando Laranjeira destacou a importância do Rotary Club de Chaves para a cidade e a sua importância no contexto nacional. O empresário lembrou ainda a internacionalidade rotária e a extensa teia de serviços que constitui um elo de participação de pessoas de todo o mundo com objetivos cívicos, sociais e éticos, onde os seus intervenientes pretendem ajudar e apoiar com nobreza e dignidade.
Candidatura de Chaves a património da Humanidade
O extenso programa terminou com a intervenção do presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz que deixou uma mensagem de apreço aos rotários, associação com quem pode sempre contar para o engrandecimento do concelho.
Os rotários deixaram através de José Moura uma mensagem de parabéns e de congratulação para com o senhor presidente da Câmara por ter sido o primeiro a aceitar o desafio da candidatura de Chaves a património da Humanidade, desafio que exige esforço, dedicação, investimento e o envolvimento de todos.
Os rotários manifestaram total disponibilidade em colaborar com a candidatura, sobretudo no que diz respeito à identidade histórica e cultural do património flaviense candidatado. Consideram ainda ser a candidatura o mais ousado e importante projeto do último século, razão que os levou a destacar a ação do presidente da autarquia.
A reunião foi presidida pela jovem rotária, Ilídia Rodrigues que foi felicitada pelos rotários pelo extenso programa, recheado de acontecimentos felizes e são convívio.












