A cerimónia de boas-vindas aos novos alunos da Escola Superior de Hotelaria e Bem-Estar (EHB) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) aconteceu esta tarde no Centro Cultural de Chaves. A EHB tem em funcionamento os cursos de Termalismo e de Fisioterapia, este último conta com 29 alunos. As aulas decorrem no edifício do AquaValor, na Rua Dr. Júlio Martins, e também nas Termas de Chaves e de Vidago.
O presidente do IPB, Orlando Rodrigues, referiu que o arranque do novo ano letivo na EHB constituía um momento de “grande significado para a instituição” e lembrou o papel ativo que o IPB tem desempenhado ao nível da formação em Chaves e no Alto Tâmega e Barroso, com a oferta de cursos técnicos profissionais há já vários anos, bem como com a sua “presença científica” através do AquaValor.
“É um projeto ambicioso, que queremos diferenciador no panorama do ensino superior nacional. Um projeto de atração internacional e com uma grande solidez científica. Estamos agora a dar os primeiros passos, daí que este momento seja um momento de especial significado”, sustentou Orlando Rodrigues.
A criação do “Campus da Água” é outra das ambições do responsável pelo IPB, estando já em conversações com os responsáveis pela região, e em particular com o município de Chaves, tendo já identificado o espaço onde o Campus da Água vai nascer. O primeiro passo será dado com a “construção de uma residência de estudantes”, com 120 camas. Orlando Rodrigues disse ainda que espera que a adjudicação do projeto aconteça “até ao final deste ano, início do próximo”.
Orlando Rodrigues aproveitou o arranque do novo ano letivo para felicitar os alunos, com presença pioneira em Chaves.
Curso de Fisioterapia com grande procura
“São seguramente excelentes alunos, mas são também especiais porque vão iniciar um projeto novo. Podem contar com a vontade de todas estas instituições envolvidas para criar condições para a melhor formação possível”, pedindo ainda a compreensão dos estudantes no funcionamento da sua formação em instalações provisórias.
O IPB está também a desenvolver esforços no sentido de conseguir um acordo para o acesso a uma cantina de uma escola secundária para os alunos poderem realizar as suas refeições, assim como da Biblioteca Municipal.
Para Chaves, o IPB pretende ainda trazer o curso de Gestão Hoteleira e outros cursos na “área do bem-estar”, cujas candidaturas serão apresentadas ainda este ano.
Este responsável revelou também que as vagas do curso de Fisioterapia ficaram completas logo na primeira fase, com uma média superior a 15 valores.
O presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, considerou hoje que se iniciou um ciclo “muito auspicioso” ao nível da oferta do ensino superior em Chaves, que irá dar resposta aos desafios de “modernidade” do território.
Processo de revolução e de transformação
“Sabemos bem o papel decisivo que o IPB tem tido em trazer a investigação, o conhecimento para o território (…) Abre-se aqui um processo que nós queremos afirmativo e que se possa traduzir em novas licenciaturas”, disse o autarca, felicitando o IPB, diretores e todos que fazem parte daquela escola, o EHB, o AquaValor e os alunos que escolheram o curso de Fisioterapia.
Nuno Vaz acredita que a cidade está “num processo de revolução” e de “transformação” naquilo que considera ser o caminho para ter uma região com recursos humanos mais qualificados.
O responsável pela autarquia lembrou ainda que o ensino superior público deve estar em parceria com o ensino privado para que, juntamente com as áreas tecnológicas e científicas, possam “ter um papel decisivo e transformador”.
Sobre a construção de uma residência de estudantes, Nuno Vaz sublinhou que "neste momento está conseguido o mais importante: terreno, que será disponibilizado pela Câmara, e financiamento, que será alocado pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência)”, sublinhou.
A construção desta residência vem colmatar uma lacuna existente na cidade de alojamento para estudantes e terá um investimento de 4 milhões de euros.
A chegada dos novos estudantes do ensino superior ao concelho é, na ótica do presidente da Câmara de Chaves, uma “oportunidade para os privados” e para os setores do imobiliário e da construção civil.
“Se de facto há procura de novas habitações, seja para arrendamento, seja para aquisição é mais um momento importante para podermos transformar zonas que de alguma forma já estão sem utilidade. Acredito que ainda há muito espaço de reabilitação de zonas, particularmente o centro histórico, que pode ter esta apetência”, destacou, referindo que a autarquia tem também a “ambição de poder ter um projeto, nos próximos anos, na zona histórica”, tendo já adquirido uma habitação e, “ainda este ano ou no início do próximo ano”, vai adquirir uma nova, perspetivando-se que sejam cerca de dez as habitações na cidade, com rendas acessíveis, destinadas a jovens.
Novos alunos queixam-se da dificuldade em encontrar casa
Sofia Melo tem 19 anos, vem dos Açores e é aluna do primeiro ano do curso de Fisioterapia do IPB em Chaves. Ela conta que escolheu esta instituição de ensino superior público por influência de amigos, mas sobretudo pelo seu reconhecimento, pelo programa de Erasmus que oferece e também por ter no final do curso uma grande taxa de empregabilidade.
Esta aluna confessa que o curso de Fisioterapia no IPB foi a sua quarta opção, contudo disse estar contente com a escolha e surpreendida com as boas instalações oferecidas e pelo sossego da cidade de Chaves.
“Falta-lhe ambiente académico, mas vamos trabalhar para isso”, notou.
Relativamente ao alojamento, Sofia reconheceu que a procura por habitação não foi fácil e que só dois dias antes de começarem as aulas é que encontrou uma casa. A procura foi feita através de agências imobiliárias. Só com o alojamento esta aluna despende 300€ e divide a casa com mais quatro colegas, três deles estudam também no IPB.
Diva Martins é outra caloira do curso de Fisioterapia e veio do Porto. O gosto pela área da saúde foi o que a motivou a escolher este curso. Diva confessa que quando concorreu ao IPB desconhecia que o curso ia ser ministrado na cidade de Chaves e que no início ficou um pouco desiludida por não haver ambiente académico nem praxes, uma vez que os restantes colegas de curso se encontrarem a estudar em Bragança, a cerca de hora e meia de distância.
Estudantes pagam entre 200 ou 300€ por um quarto
“Mas aos poucos vamos conseguindo, juntamente com os estudantes de Termalismo, e juntos vamos criar um ambiente académico em Chaves”, conta.
“Ao início gostava de ir para o Porto, mas tendo em conta que somos pioneiros, e que somos nós que vamos criar tudo, penso em ficar cá e queremos marcar a diferença”, acrescentou.
Encontrar casa para esta estudante também não foi fácil. Ela está a dividir um apartamento com mais duas colegas e queixa-se sobretudo das rendas altas ou de senhorios que colocaram entraves à sua estadia na habitação por ser estudante. Porém, também esta aluna conseguiu uma casa, através de uma imobiliária, por 200€, com o pagamento das despesas de água, luz e gás à parte.
A sessão de abertura do novo ano letivo na Escola de Hotelaria e Bem-Estar contou ainda com a presença, entre outros, da presidente da Comissão Instaladora da EHB, Maria José Alves, do presidente da Associação de Estudantes do IPB, e de um dos responsáveis pela Universidade de Aveiro, parceira do IPB. A Tuna do IPB subiu ainda ao palco para uma atuação.
Sofia Melo é dos Açores e está no 1º, ano do curso de Fisioterapia.
