
Proprietários e funcionários dos restaurantes estão revoltados e queixam-se das quebras elevadas na faturação por causa da nova medida imposta pelo Governo sobre a obrigatoriedade da apresentação de teste negativo nos seus estabelecimentos. Muitos optaram por fechar por estes dias outros é o sistema de take away que vai “salvando”.
Com a nova medida, Diogo Magalhães, que trabalha na área da restauração há já vários anos, disse que a afluência de clientes no seu espaço foi menor e que as pessoas têm optado pelo sistema de take away.
“Notamos que houve mais pessoas a aderir ao take away comparativamente aos dias anteriores. Contudo, na parte da sala não chegamos sequer a ter meia sala”, referiu o funcionário do Táki-Tá-Lá.
No primeiro dia em que entraram em vigor medidas mais restritivas de contenção da pandemia, algumas pessoas que tentaram entrar nos estabelecimentos de restauração sem apresentar o teste negativo à covid-19 foram barradas à porta.
(...) “vai chegar a um ponto em que não vai haver testes suficientes para as pessoas poderem continuar a fazer o seu dia-a-dia”. (Diogo Magalhães)
“No nosso caso não temos mesmo outra opção e por isso não podemos deixar entrar essas pessoas. Também não temos condições para que as pessoas possam fazer o teste aqui no local”, revelou.
À entrada dos restaurantes os clientes devem apresentar o certificado de vacinação e o teste negativo à covid-19.
Diogo Magalhães diz que o negócio vai fraco e que para os próximos dias apenas tem reservada uma mesa de oito pessoas. Embora concorde com as limitações das autoridades de saúde para combater a pandemia, este flaviense considera que deveriam ser “mais benevolentes” e acredita que “vai chegar a um ponto em que não vai haver testes suficientes para as pessoas poderem continuar a fazer o seu dia-a-dia”.
Neste restaurante são aplicadas diariamente todas as recomendações de higiene e segurança da Direção-Geral da Saúde (DGS) e desde que a pandemia surgiu não houve qualquer surto neste espaço.
"Há dias em que o take away é bom, há outros que vai dando. A parte da sala essa é que nunca mais foi a mesma". (Diogo Magalhães)
“O nosso medo é quando saímos daqui. Tenho evitado ir a cafés nestes dias já mesmo para poder estar 100% efetivo no trabalho. Vou-me limitar um bocado. Tinha pessoal amigo que se vai juntar na passagem de ano mas não vou poder ir porque não quero que haja qualquer problema”, sublinhou.
A restauração é um dos setores que mais tem sofrido com o aparecimento da pandemia. Apesar de ter quebras na faturação, o sistema de take away neste restaurante tem ajudado a que os prejuízos não sejam ainda maiores.
“Há dias em que o take away é bom, há outros que vai dando. A parte da sala essa é que nunca mais foi a mesma. No verão houve dias que se trabalhou bem mas, por exemplo, o mês de novembro e os primeiros 15 dias de dezembro foram fraquíssimos. Houve noites que servimos apenas dois ou três jantares e mesmo no take away servíamos meia dúzia de pessoas”, conta Diogo Magalhães.
Negócio não dá sequer para pagar as despesas
No restaurante Resineiro ontem foram servidos três almoços: um deles a uma pessoa que apresentou o certificado de vacinação e o teste negativo à covid-19 e outros dois que optaram por comer na esplanada.
“As outras pessoas que apareceram como não tinham o teste foram embora. Dei-lhes a oportunidade de almoçarem na esplanada mas só dois clientes é que aceitaram”, disse José Salvador, dono do espaço.
Este vidaguense mostra-se bastante preocupado uma vez que o seu negócio nem tem dado para pagar as despesas diárias do restaurante, que rondam os 300 euros, e lamenta que não hajam mais incentivos do Governo para minorar a situação. A quebra na faturação ronda os 90%.
“Não dão incentivos nem dão a oportunidade de trabalhar. Se transgredimos pregam-nos uma multa caríssima para estarmos a trabalhar legal temos prejuízos diários”, sustentou.
“No mínimo o Governo poderia aliviar os impostos com a Segurança Social. Neste momento eu não ganho para pagar a luz quanto mais os ordenados aos funcionários, Segurança Social, Seguros, e outras despesas, é quase impossível uma casa como a minha sobreviver”. (José Slavador)
José Salvador revelou que sábado nem sequer ia abrir as portas do seu estabelecimento.
“O take away seria uma opção, mas eu nunca habituei os meus clientes a esse sistema e as pessoas vão onde estão habituadas a ir”, apontou.
A comida tradicional portuguesa é o forte desta casa que já existe em Vidago, na Estrada Nacional 2, há mais de 40 anos. Aqui trabalham cinco pessoas.
“No mínimo o Governo poderia aliviar os impostos com a Segurança Social. Neste momento eu não ganho para pagar a luz quanto mais os ordenados aos funcionários, Segurança Social, Seguros, e outras despesas, é quase impossível uma casa como a minha sobreviver”, garante, admitindo que nunca esperou que houvesse uma época tão má como esta.
“Mas desconfio que o Governo se deve ter esquecido de nós. Sempre era uma ajuda para nos governar”. (José Salvador)
“Estes dois anos foram terríveis. Mas tenho conseguido. Férias que não fiz, fins de semana a trabalhar, 365 dias aqui têm ajudado a que o negócio vá sobrevivendo e que consiga pagar todas as despesas”, sublinhou.
Mesmo os incentivos de layoff a que aderiu, refere, recebeu metade no mês de junho e o restante seria pago até dezembro.
“Mas desconfio que o Governo se deve ter esquecido de nós. Sempre era uma ajuda para nos governar”, atira este proprietário que tem também uma residencial que não tem tido qualquer marcação há mais de 15 dias.