Um grupo de pais flavienses, com o apoio da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) de Vila Real, quer criar um núcleo na cidade de Chaves para ir ao encontro das necessidades das crianças com autismo, contudo precisa de sócios para tornar este sonho realidade.
Mário Rodrigues, presidente APPDA, explicou que a associação de Vila Real tem apoiado estes pais, através da sua experiência e com várias ideias, para que consigam fundar um espaço que preste apoio às crianças com este transtorno neurológico.
Pretende-se assim que o novo centro de atividades ocupacionais “seja uma referência em Chaves e na zona Norte do país” e que seja um espaço que promova e defenda os direitos das pessoas com autismo e seus familiares de forma a tornar a sociedade mais consciente e inclusiva, colaborando com instituições congéneres na defesa dos direitos das pessoas autistas, pautando-se pelos valores de respeito, pela diferença e pela dignidade das pessoas com autismo.
Segundo disse o mesmo responsável, o centro terá de ser construído de raiz uma vez que “terá de obedecer a regras específicas da Segurança Social (SS)”. A ideia, continua, é conseguir angariar verbas para a construção da estrutura através de donativos e de candidaturas a fundos europeus.
Foi através de Luísa Melo e Claudilene Santos que este responsável tomou conhecimento da intenção destes pais.
“Há muitos meninos ainda que os próprios pais têm vergonha de os dar a conhecer à sociedade”. (Mário Rodrigues)
“Foram elas que demonstraram de início interesse em ir para a frente com este núcleo”, sublinhou Mário Rodrigues, salientando que apesar da vontade destas duas flavienses, e de outros pais que já se juntaram a esta causa, existem várias dificuldades que devem ser superadas dado o número elevado de crianças existentes no concelho.
“Há muitos meninos ainda que os próprios pais têm vergonha de os dar a conhecer à sociedade. Há pais que saem de casa porque não querem tomar conta destas crianças e são na grande maioria as mães que ficam com os meninos ao colo, como se costuma dizer”, refere.
Esta realidade acontece porque a sociedade ainda não está preparada para a inclusão das pessoas com autismo, por isso, Mário Rodrigues considera essencial a criação deste núcleo da APPDA em Chaves para sensibilizar a comunidade para esta problemática.
O Governo criou um decreto-lei para “proteger” as crianças com necessidades educativas especiais e as escolas públicas passaram a ter uma unidade de ensino estruturada, ou seja, o decreto prevê a presença de um docente especializado e pelo menos um auxiliar para acompanhar estas crianças e jovens.
Mas, o presidente da APPDA de Vila Real tem dúvidas sobre se as escolas estarão mesmo a cumprir a lei e considera que há ausência de informação e formação que deveria ser dada aos docentes e não docentes, pelo Ministério da Educação.
Para Luísa Melo esta nova estrutura já vem um pouco tarde, contudo acredita que “nunca é tarde para começar”.
Projeto de inclusão social sustentável
Adão Marcos também faz parte deste grupo de impulsionadores deste projeto e acredita que é fundamental assegurar proteção às crianças com autismo e suas famílias, articulando com outras instituições para que a comunidade escolar seja alvo de formação e se consiga dar maior qualidade de vida a estas pessoas, através de um projeto de inclusão social sustentável.
António Teixeira é secretário na APPDA de Vila Real e lembra que é preciso cativar pessoas e instituições para se associarem ao projeto, pois só assim é que o núcleo de Chaves conseguirá dar os primeiros passos para a construção do centro de atividades.
Neste contexto, o Núcleo de Chaves da APPDA apela a que mais pessoas se juntem a esta causa, fazendo-se associados. A cota é de 15€ por ano.
