
Cláudia Diegues é a mãe da pequena Mariana que nasceu no sábado na sala de emergência do Hospital de Chaves, com 3, 490 quilos e 47 centímetros. Apesar de ter corrido tudo bem, esta flaviense lamenta que Chaves tenha permitido o encerramento da maternidade e que as grávidas sejam obrigadas a percorrer mais de 60 quilómetros para terem os seus filhos.
Grávida de 39 semanas, esta flaviense de 38 anos conta que estava em casa de uma amiga quando começou a ter contrações e, tendo em conta a experiência que teve no nascimento do seu primeiro filho, que demorou apenas quatro horas a nascer, chamaram de imediato os bombeiros.
“O parto do meu primeiro filho também foi muito rápido, mas ainda deu tempo para chegar ao Hospital de Vila Real”, refere Cláudia Diegues.
No local, os bombeiros verificaram que as contrações eram cada vez em maior número e por isso acharam por bem comunicar à central de socorro pois temiam que a bebé nascesse a caminho de Vila Real, num percurso de mais de 60 quilómetros.
Cláudia conta que à casa da amiga chegou, entretanto, uma médica e que passado algum tempo começou a ter “vontade de ter a bebé”. Com o trabalho de parto iminente, e embora a unidade hospitalar de Chaves não possua serviço de Obstetrícia, a equipa clínica da VMER e os bombeiros, levaram-na para as urgências do hospital flaviense e poucos minutos depois, às 22h30, duas horas depois das primeiras contrações, nascia a pequena Mariana.
“Foi o que fizeram melhor, porque 15 minutos depois de entrar no hospital estava a ter a minha filha”, sublinhou.
O parto foi acompanhado pela equipa de emergência dos serviços de Cirurgia e Pediatria do Hospital de Chaves, tendo tudo corrido dentro da normalidade.
Tive muita sorte. (Cláudia Diegues)
“A perceção que tive é que estava lá muito gente acompanhar o parto. Foram impecáveis e muito delicados comigo”, disse.
Mãe e filha foram depois transportadas para o serviço de Obstetrícia/Ginecologia do Hospital de Vila Real, após serem garantidas todas as condições de segurança.
Cláudia Diegues confessa que, embora tenha corrido tudo bem, não estava nada à espera de passar por uma situação destas.
“Às 38 semanas, ou seja, na quinta-feira, fui a Vila Real para fazer uma ecografia e o médico até me disse que ainda estava muito atrasado”.
Cláudia e a bebé chegaram ontem a casa, depois desta pequena aventura e de terem sido notícia em vários meios de comunicação social. A flaviense admite que na altura estava muito tranquila e que a própria equipa de médicos e enfermeiros lhe transmitiram bastante confiança, contudo, cinco dias depois confessa que teve “muita sorte”.
É de lamentar que Chaves não tenha uma maternidade. Entendia se a deslocação Vila Real fosse mais perto... (Cláudia Diegues)
“Nem tinha noção, mas soube que há muitos bebés a nascerem em ambulâncias a caminho de Vila Real. Se por acaso tivesse ido de carro ou se os bombeiros me tivessem tentado levar para Vila Real de certeza que não chegava a tempo de a ter no hospital”.
A gravidez foi acompanhada pela médica de família do Centro de Saúde e por uma médica no Hospital Privado de Chaves. Ainda assim teve de se deslocar ao hospital de distrito do Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) para fazer a segunda ecografia (ecografia morfológica) e a partir das 38 semanas de gestação, por indicação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), situação que esta flaviense não entende uma vez que existem ginecologistas em Chaves.
“No meu caso a gravidez correu dentro da normalidade, mas no caso das grávidas que, por exemplo, têm diabetes gestacionais o acompanhamento é feito em Vila Real”.
“É de lamentar que Chaves não tenha uma maternidade. Entendia se a deslocação a Vila Real fosse mais perto, até porque me parece que tem havido bastantes nascimentos aqui na região que justificassem a existência de uma maternidade ou que o hospital tivesse condições e profissionais para isso”, acrescentou. Mesmo para os familiares a deslocação seria mais fácil, lembra.
As circunstâncias em que esta mãe deu à luz veio reacender o tema da inexistência de uma maternidade em Chaves, desde 2007.