quinta-feira. 28.03.2024

Milhares de alunos regressaram esta segunda-feira à escola depois de o Governo ter decidido prolongar as férias de Natal como medida de contenção da pandemia. Docentes e não docentes preparam-se para serem testados à covid-19.

Em Chaves, o regresso às aulas decorreu dentro da normalidade possível, embora muitos alunos, professores e pessoal não docente tenha continuado em casa por terem sido infetados com a covid-19 ou estarem em isolamento.

“O regresso decorreu de uma forma normal, todos os meninos e professores regressaram à escola com exceção das situações que temos em isolamento profilático”, disse a diretora do Agrupamento de Escola Dr. António Granjo, Ana Paula Carvalho, admitindo que poderão existir ainda mais casos positivos que ainda não tem conhecimento.

Este agrupamento tem 10 professores, dois assistentes operacionais e vários alunos infetados com covid-19 ou em isolamento profilático. A diretora admite que a ausência destes professores tem afetado o normal funcionamento das aulas.

Os alunos que teriam aulas com estes professores neste momento não têm”, revelou.

O segundo período letivo trouxe também algumas mudanças no isolamento. Turmas inteiras deixam de ficar em isolamento, apenas ficam em casa os alunos que estiveram em contacto com casos de alto risco.

Ana Paula Carvalho disse ainda que têm surgido algumas dúvidas por parte dos pais e encarregados de educação sobre se devem ou não levar os filhos para a escola.

“O que temos estado a dizer é aquilo que nos foi transmitido pela Unidade de Saúde Pública: se estiverem em contacto com casos de alto risco sem sintomas ficam sete dias em casa de prevenção. Se tiverem sintomas a avaliação é realizada pela Unidade de Saúde Pública ou SNS 24”, referiu.

As faltas dos alunos que tiverem necessidade de ficar em casa por questões de saúde são justificadas pela escola.

Apesar das restrições, a diretora do Agrupamento de Escola Dr. António Granjo garante que era notória a satisfação das crianças em poder regressar à escola.

“A escola faz-lhes falta, o contacto uns com os outros, a socialização é muito importante, agora não sei se é o timing certo ou não, isso não sou eu que tenho de decidir”, sustentou.

Número de casos de covid-19 é maior comparativamente ao início do ano letivo

Também no Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins o regresso às aulas decorreu dentro da normalidade possível. O diretor revelou que se nota a existência de um maior número de casos de covid-19 relativamente ao início do ano letivo, em setembro, não tendo, contudo, um número concreto de pessoas infetados na escola.

“Estamos a atualizar diariamente, mas nota-se maior número de casos relativamente ao início do ano letivo. Foram adotadas todas as medidas da Direção-Geral de Saúde (DGS) e a escola está a funcionar dentro da normalidade possível”, sublinhou Gil Alvar, diretor do agrupamento.

Neste estabelecimento de ensino o maior número de infetados acontece entre os alunos, embora também haja professores e funcionários positivos ou em isolamento. Para aqueles que continuam em casa tem sido feito um acompanhamento à distância, com o envio de tarefas agendadas e monitorizadas pelos professores.

De acordo com Gil Alvar, a satisfação dos alunos em regressar ao agrupamento também se fez notar e por isso apela a que todos continuem a adotar as regras de segurança para minimizar os contágios.

Foi uma medida refletida

Além da satisfação, alguma ansiedade entre os alunos foi o que o diretor do Agrupamento de Escolas Fernão de Magalhães, Mário Carneiro, verificou ontem com o reinício das aulas.

Relativamente ao adiamento do regresso à escola, o responsável acredita que foi uma boa medida.

“Foi uma medida refletida, e prova disso foi o aumento de casos positivos que se verificou na semana passada, consequência dos convívios de Natal e da passagem de ano”, disse.

A semana extra de férias será compensada com aulas nas férias de carnaval e da Páscoa.

Quanto às novas medidas adotadas para o isolamento, Mário Carneiro considera correta a decisão: “Concordo plenamente. Acho que já estamos numa fase tão adiantada de vacinação que o risco é cada vez menor e como se veio a verificar os contágios não aconteciam nas escolas. Aconteciam sobretudo no exterior. Era um exagero por um ou dois alunos ter estado com um caso positivo todos os restantes da turma terem de ficar 14 dias em casa”, explicou.

Neste agrupamento há apenas uma professora que está em casa por ter testado positivo à covid-19.

O Governo admitiu a possibilidade de testar todos os docentes e não docentes. Aqui a testagem está prevista acontecer no dia 17 de janeiro. No Agrupamento de Escolas Dr. António Granjo a testagem está agendada para a próxima segunda-feira de manhã. Já no Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins essa situação acontece amanhã à tarde e quinta-feira todo o dia. A Escola Profissional de Chaves, embora ainda não tenha datas agendadas, está também a ponderar esta situação.

Ainda sobre os testes à covid-19, o Governo já admitiu que as escolas poderão também testar os alunos caso considerem necessário fazê-lo, através da realização de parcerias com as farmácias.

Temos vindo a compensar e a recuperar as aprendizagens

A Escola Profissional de Chaves retomou as suas atividades na segunda-feira, tal como as restantes escolas em todo o país. A “normalidade possível” também foi sentida neste estabelecimento de ensino flaviense marcada pela presença de todos os docentes e não docentes e “praticamente” todos os alunos, menos seis por estarem em isolamento profilático.

No primeiro dia do segundo período letivo a direção fez questão de visitar todas as turmas para saber quais as expectativas e anseios dos seus estudantes.

“A covid-19 não tem feito só mal fisicamente a quem contagia mas faz também mal a todos psicologicamente. Privar os jovens deste convívio, dos hábitos de adolescentes, da brincadeira, da vida saudável em sociedade traz consequências e a oportunidade de voltar a ver os colegas e vivenciar a escola é sempre motivo de alegria”, contou o diretor da Escola Profissional de Chaves, Jorge Paulo Santos.

A pandemia surgiu no nosso país em março de 2020. A Educação tem sido uma das áreas fortemente afetadas, com várias adaptações e a criação de diversos métodos de ensino.

Paulo Jorge Santos demonstra-se preocupado com as consequências no processo de aprendizagem dos seus alunos, embora realce que tudo tem sido feito para minimizar essas consequências e que tudo continuarão a fazer para ajudar a que os mais pequenos não sofram maiores consequências no seu processo de formação.

Ao longo deste tempo “tivemos de nos socorrer de ferramentas diferentes, de recursos digitais, formação online”, os alunos foram ainda privados de estágio, mas “temos vindo a compensar e a recuperar essas aprendizagens”.

“Cancelamos os estágios dos alunos de primeiro ano, já no final do ano letivo anterior compensamos o estágio que têm no segundo ano com mais um mês, compensando assim o que não realizaram no ano anterior. Acho que no futuro as memórias sobre o período de estabilidade no ensino não serão tão presentes para estes alunos, mas em termos de aprendizagens ou desempenho das suas profissões não haverá grandes consequências uma vez que esses processos são sempre compensados, sendo sempre avaliados se têm os requisitos obrigatórios”, concluiu.

Além das novas medidas de contenção da pandemia, os alunos continuam a ser sensibilizados para o uso da máscara, dentro e fora da sala de aula, para a desinfeção das mãos e para o afastamento físico e as salas são arejadas frequentemente.

Apesar de não saberem o número concreto de vacinados entre a comunidade escolar, os diretores das escolas garantem que muitos alunos, professores e funcionários foram já vacinados.

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