
Depois do sucesso da primeira "Sexta 13" do ano, a vila de Montalegre acolhe, a partir desta quinta-feira, a XXXII Feira do Fumeiro, cartaz que será inaugurado, pelas 16 horas, por Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.
Em Montalegre são esperados milhares de visitantes no Pavilhão Multiusos para degustar e adquirir o “excelente fumeiro” e demais produtos presentes no certame.
“Como é apanágio, esperam-se milhares de pessoas e já está tudo a ser ultimado para as receber. Além da venda, no espaço do Multiusos e online, uma novidade que se tornou um sucesso absoluto, possibilitando a aquisição do excelente fumeiro e demais produtos a todas as pessoas em qualquer parte do país, o certame estende-se à ‘Praça dos Sabores’, local de degustação e diversão”, sublinha Fátima Fernandes, presidente da Câmara de Montalegre.
A animação será constante ao longo de todo o fim de semana, neste cartaz gastronómico onde vai ter muito para ver, comprar e provar.
Refira-se que foram cinco os produtos que passaram a deter a chancela de excelência e que entram na rota da comercialização com a assinatura de produtores de Fumeiro de Montalegre, como é o caso da Alheira de Barroso-Montalegre IGP, Chouriça de Carne de Barroso-Montalegre IGP, Chouriço de Abóbora de Barroso-Montalegre IGP, Salpicão de Barroso-Montalegre IGP e Sangueira de Barroso-Montalegre IGP.
A Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso, como um dos maiores cartazes turísticos e culturais do concelho de Montalegre, vai ter ainda divulgação garantida sábado e domingo através da RTP.
É o regresso da "rainha do fumeiro" para satisfação de milhares que prezam a arte de bem comer. Um cartaz gastronómico de excelência com "porta aberta" até domingo.
Evolução crescente da Feira do Fumeiro
A Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso é o maior cartaz turístico e cultural do concelho de Montalegre. Nasceu, timidamente, em 1992. Hoje atrai, num único fim-de-semana, mais de 50 mil pessoas. O certame é organizado pela Câmara de Montalegre. Porém, desde 2002 que a organização é feita em conjunto com a Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã.
Na primeira edição, o evento contou com 35 produtores e 1.226 kg de produto vendido. Nesse ano, em 1992, visitaram a vila de Montalegre 2.500 pessoas. Estava dado o mote. Todavia, o início foi muito difícil. Tudo porque, tradicionalmente, só os "pobres" vendiam os presuntos e as chouriças produzidas em casa, na maioria das vezes de forma escondida.

Os produtores que poderiam dispensar fumeiro para venda sentiam-se envergonhados em fazê-lo publicamente. Estrategicamente, a Comissão Organizadora redesenhou um novo modelo do projeto: ia a casa dos produtores buscar os produtos que eram pesados e preçados, vendia-os sem referência ao nome do seu produtor, apenas com um código que só ela própria conhecia e, posteriormente, entregava ao produtor o dinheiro resultante da venda. Este modelo vingou durante os dois primeiros anos.
A partir do terceiro ano alguns produtores começaram a permitir que o seu nome fosse colocado nos rótulos dos produtos. Contudo, a partir do quinto ano de edição alguns produtores mostraram-se disponíveis para estarem presentes na Feira do Fumeiro a fim de eles próprios venderem o seu fumeiro, enquanto, em espaço diferenciado, a Câmara de Montalegre continuava a vender o fumeiro daqueles que continuavam a não querer assumir a venda.
Só a partir de 1999 foi possível organizar uma Feira do Fumeiro onde todos os produtores estivessem presentes. A verdade é que, desde a primeira edição, até à última, os valores de venda e de visitas tiveram uma subida quase exponencial.
A "rainha do fumeiro" ganha um novo espaço
2006 é um ano marcante. A "rainha do fumeiro" ganha outra dimensão. Passa a ser realizada no moderno Parque de Exposições e Feiras de Montalegre - vulgo Pavilhão Multiusos - concedendo à feira a modernidade e as condições higiénico sanitárias exigidas.
As instalações contemplam, além do espaço onde decorre o evento, quatro tasquinhas onde os visitantes usufruem das melhores condições em termos de conforto, e onde constam do cardápio da mais refinada e típica gastronomia local, desde os cozidos, tão característicos do Barroso e da época do ano, aos diversos enchidos (salpicão, chouriça, presunto, alheira) e o famoso presunto de Barroso, que colocaram Barroso na ribalta gastronómica nacional.
A opção estratégica da Câmara de Montalegre em realizar este certame, foi cimentada na convicção de que o fumeiro e o presunto, que sempre se produziram nesta região, eram de alta qualidade e tinham um nicho de mercado capaz de o absorver.
No entanto, o sucesso crescente da Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso e das dinâmicas que lhe estão adjacentes se deve, sobretudo, à metodologia de organização utilizada, assente sempre num modelo de gestão e avaliação participativa. Esta metodologia permitiu responsabilizar os produtores pela qualidade dos produtos vendidos e devolveu-lhes a autoconfiança e a autoestima, enquanto atores privilegiados de todo este processo.
Rigor na qualidade
O sistema de controlo inicia-se no mês de fevereiro do ano anterior à realização da Feira do Fumeiro, com a inscrição dos produtores e do número de animais que pretendem criar para produção de fumeiro. Posteriormente, em visita domiciliária, é confirmado o número de animais que cada produtor detém sendo os animais sinalizados com brincos.
Durante o ano, todos os produtores são visitados, de uma forma aleatória, por uma Comissão, constituída também por produtores, que verifica se a alimentação dos animais obedece a uma alimentação tradicional.
Este controlo de qualidade continua na matança com a presença obrigatória do veterinário municipal. Ato contínuo, termina com a entrada dos produtos na Feira do Fumeiro. A quantidade de cada um dos produtos confecionados, por cada produtor, é pesado conferindo se é proporcional ao número de animais criados passando depois pela Comissão de Controlo, constituída pelo veterinário municipal e dois elementos conhecedores da confeção do fumeiro tradicional que avaliam a apresentação do produto, a textura, o cheiro e o sabor de cada um dos produtos apresentados.
Renovação em marcha
Atualmente, os produtores mais idosos, que eram aqueles que mantinham o "saber fazer" tradicional, estão a ser substituídos por jovens produtores que apostam no desenvolvimento de métodos mais modernos e consentâneos com as exigências atuais do mercado.
As cozinhas tradicionais da casa barrosã, onde se produzia o fumeiro, estão a dar lugar a modernas cozinhas de produção, onde o fator higiene e comodidade se aliam aos métodos tradicionais de produção, mantendo toda a qualidade e sabor tradicional do produto.
