A grande banda de sucesso mundial, ABBA, nasceu na Suécia há mais de 50 anos. O primeiro contacto entre os membros da banda foi com Björn Ulvaeus e Benny Andersson, em 1966. Três anos mais tarde, em 1969, Björn e Benny conheceram as mulheres que se tornaram parte dos ABBA e, também suas noivas. Foram elas Agnetha Fältskog e Anni-Frid Lyngstad.
No início do seu percurso musical, ambos colaboravam com composições, apoio instrumental, trabalho a nível de produção ou backing vocals para as gravações de cada um dos membros em músicas solo ou duos.
A sua primeira aparição como grupo foi em 1973 no Melodifestivalen, com a música “Ring”. Acabaram por ficar no pódio, mas apenas com o terceiro prémio. Porém, ganharam imensa visibilidade e sucesso na Suécia. No ano seguinte reentraram no festival com “Waterloo” que lhes garantiu o primeiro prémio no final da Eurovisão em Brighton, Inglaterra. Foi aí que mudaram oficialmente o nome da banda para ABBA.
Em 1976, os ABBA finalmente se estabeleceram como um dos grupos mais populares do mundo. As várias compilações de sucessos que conquistaram o mundo, durante esse período, tornaram-se em blockbusters globais. Lançamentos clássicos de singles como “Fernando” e “Dancing Queen” lideraram os rankings em todo o mundo, incluindo nos EUA (em 1977) – “Dancing Queen” era o único número um dos ABBA nos Estados Unidos.
1979 foi o ano da grande tournée pelo Canadá, Estados Unidos e Europa, onde se insere o concerto no Estádio de Wembley.
A discoteca dos anos 80
Neste concerto, Voulez-Vous remete para a sensação de estarmos numa discoteca dos anos 80 numa sexta-feira à noite. O ritmo envolvente, a letra, tudo contribuiu para criar um ambiente de sedução e diversão. Voulez-Vous significa “Queres…?” e nesta música a pergunta pode ser completada de várias formas: “queres dançar?”, “queres estar comigo?”, ou até “queres divertir-te?”.
Com uma estrutura formal que se inicia com um interlúdio e segue-se com A-B-Refrão-Interlúdio, repetindo-se por duas vezes, esta música revela-se não muito complicada. O mesmo acontece com as tonalidades que no interlúdio, A e B alternam entre mi menor e si maior, ou seja, uma progressão harmónica de I – V grau, e dó maior e a sua relativa menor (lá menor) no refrão.
Tende a tornar-se ligeiramente repetitiva, com o uso constante da tónica e dominante, mas com a rica instrumentação remete-nos para os anos 70 e sem dúvida acalorou logo o público, com um ambiente festivo através de luzes psicadélicas e dança.
Com grande expectativa e entusiasmo, a banda segue para o grande hit Chiquitita. O título da música “Chiquitita” não é o nome de uma pessoa, ao contrário do que alguns pensam. A palavra é na verdade espanhola para o termo “menininha”. Muitas vezes é usado como um termo carinhoso.
Liricamente, a cantora encoraja uma boa amiga Chiquitita, que está abatida e triste, a olhar para o lado bom da vida e não deixar que a sua tristeza a acorrente ou a controle. A cantora passa a garantir à Chiquitita que pode contar com eles e que será sempre um ombro amigo onde a companheira pode chorar. Assim, a letra da música dá esperança para alguém que está cheio de tristeza.
A música inicia-se com um solo de guitarra por intervalos de segundas, passando por quase todas as notas, até chegar à tonalidade principal – lá maior. A composição prossegue em encadeamentos harmónicos de I-IV-V, bastante usual também na música pop. Já na parte final, com um vibrante e expectante solo de piano tudo se suspende, ouvindo-se apenas este instrumento inspirado na dança grega “Zorba”, incitando o público a dançar à medida que o tempo vai acelerando. É a parte mais vibrante desta obra.
Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight) tece a imagem de uma jovem solitária que anseia por um relacionamento romântico e vê sua solidão como uma escuridão proibitiva da noite, chegando a fazer paralelos de como os finais felizes das estrelas de cinema são tão diferentes de sua própria existência.
Com uma energia festiva, enérgica e rítmica, usando vocais femininos a música começa com uma introdução agitada com guitarras e sintetizadores antes de o tema arpejado do teclado entrar em contraponto com a melodia principal que Agnetha canta de maneira totalmente ousada quanto a letra o exige.
Momento difícil
Com uma estrutura harmónica e melódica mais complexa do que as músicas anteriores, Bjorn Ulvaeus do ABBA compôs a música Knowing me, Knowing you num momento em que as relações dentro do grupo estavam tensas, e sua letra reflete isso mesmo. Disse Ulvaeus: "Escrevi 'Knowing Me Knowing You” antes do divórcio. Em muitos aspectos, o meu divórcio com a Agnetha foi amigável, apenas nos distanciamos e decidimos separarmo-nos. O de Benny e Frida foi um pouco mais difícil. Não foi um momento feliz, mas ainda assim muito criativo". Esta canção evoca uma onda nostálgica, vibrante e contagiante.
Passamos de uma energia animada e festiva para algo mais sério e sentimental. A música sustenta-se à volta de 4 acordes, daí não ser complexa, mas o que a torna sofrível e séria é a interpretação das vocalistas, que tocou o coração de todas as pessoas da plateia.
Escrita em homenagem à cidade natal de Benny e Björn, Estocolmo - famosa pelas suas noites amenas de verão – Summer Night City começou na base habitual da banda no Metronome Studios, mas foi uma das primeiras faixas posteriormente concluída no Polar Music Studio, a instalação de gravação instalada pelo grupo em Estocolmo.
Esta é uma das obras-primas mais subestimadas do ABBA. Se ouvirmos com atenção as partes em que Björn começa a cantar a ponte, existem várias camadas instrumentais, incluindo o piano selvagem de Benny como a base contínua. As duas pontes soam ocidentais, embora utilizem uma escala pentatónica, contribuindo para uma diferenciação desta música e para o entusiasmo do público.
Desde o início, Dancing Queen foi concebida como uma música dançante e animada, que cumpriu com as novas tendências dentro da música disco. A letra é simples e fala sobre uma jovem de dezassete anos que gosta de dançar e tem uma noite divertida. Ela é a "rainha da dança", além de ter vários pretendentes e ser popular entre os jovens.
A composição é baseada num ostinato. Dentro da melodia da canção destaca-se o uso de um instrumento de cordas, o ritmo de um piano acústico e percussão, dando-lhe uma característica bastante complexa. Fältskog e Lyngstad como líderes vocais, podem ser consideradas um exemplo de harmonia vocal.
A introdução da canção, realizada no piano, é considerada uma das melodias mais conhecidas da música pop. Outro aspecto incomum, mas não exclusivo dentro das características de uma típica canção pop, é que embora contenha o clássico verso-refrão-verso, "Dancing Queen" começa diretamente com o refrão.
Does your mother know é uma música extremamente importante a nível social pois a letra fala sobre recusar avanços de um menor, mas reconhecendo que os seus sentimentos são válidos e encorajando-o a acalmar-se e pensar sobre o valor das suas ações.
Com harmonização das duas vocalistas no mesmo microfone reconhecemos uma estranheza interessante pela sua sonoridade única e louca, que colocou o público num êxtase vibrante.
Hole in your soul é a última canção apresentada neste concerto. Nesta música, Alec Benjamin fala sobre o seu primeiro relacionamento, especificamente sobre a parte em que se sentiu vulnerável que é algo que ele (e a maioria das pessoas) não poderia falar muito abertamente.
Infelizmente, é um dos hits menos reconhecidos da banda, apesar de a versão que foi tocada neste concerto ser a mais reconhecida, especialmente pelo grito emocionante do vocalista, que soa como uma dor escondida por não poder expressar livremente aquilo que sente.
Este concerto foi um misto de emoções, que atraiu e cativou o público desde o primeiro até ao último segundo. A escolha das músicas foi excecionalmente bem-feita e tendo uma reação muito positiva por parte do público.