sexta-feira. 01.12.2023

OPINIÃO | Crónica da Nélita

leitor já sabe que quando chega o Verão começamos a fazer contas de cabeça porque o tempo se vai esboroando e já não somos nenhuns jovenzinhos e os achaques vão-nos assaltando e o medo de não termos tempo para ver os netos crescer e os filhos vencerem na vida e o planeta que lhe vamos deixar angustiam-nos e põe-nos de gatas o leitor talvez não acredite mas aqui há dias fui convidada para dizer um poema acompanhada por um brasileiro lindo que tocava viola e era o autor do tal poema em questão como deve calcular senti-me quase uma diva por só seis minutos mas valeu a pena o esforço porque o poema falava do facto de quando somos novos querermos crescer a todo o custo e ser grandes e depois a partir dos –enta olhamos para trás e apercebemo-nos do que perdemos em tempo com futilidades conflitos zangas que não levam a lado nenhum de repente o tempo ganha uma velocidade alucinante e nós desatamos a correr atrás dele para ver se o travamos e ele avança inexoravelmente como já cheguei aos três quartos do século resolvi que agora vou fazer o que o poeta diz «Preciso correr atrás do mundo, ajustar os ponteiros e viver POR INTEIRO o tempo que me resta.» por isso leitor amigo se já fez a curva dos –enta marimbe-se para a vida e saboreie cada segundo como se fosse o último pois o próximo que vier é lucro pode acreditar

Manuela Rainho é moçambicana, septalescente assumida e reformada do ensino secundário. Desde muito nova que gosta de escrever. Foi sobretudo em Chaves, onde reside há cerca de 37 anos, que se iniciou como cronista e articulista de opinião. Este tipo de crónicas, que agora começa, pretende ser uma homenagem a grandes escritores que admira profundamente: José Saramago e Luís Sttau Monteiro.

OPINIÃO | Crónica da Nélita