sexta-feira. 08.12.2023

OPINIÃO | Crónica da Nélita

Ultimamente por causa da apresentação de um livro no dia 24 de Novembro na Biblioteca Municipal da nova escritora flaviense Teresa Lobo tenho andado a ler algo sobre a sociologia por que se pauta a sociedade do século XXI onde tudo deixou de ser concreto e balizado para sermos abalroados por fluxos fluídos que vão desde os movimentos intelectuais até às relações interpessoais sejam elas afectivas sejam elas politicamente corretas ou não devo confessar-lhe prezado leitor que esta fluidez do conhecimento da política da cultura das oscilações da bolsa e até as da justiça me trazem absolutamente desbaratinada e a continuar assim ainda me apanha por aí perdida a falar sozinha a discutir comigo mesma e mesmo olhando-me de soslaio pois às duas por três um cristão nem em si mesmo pode confiar acredite se me dissessem há uns dias que ia estar envolvida num movimento cultural com uma esperança desesperada que desta é que é e por isso há que mergulhar até à medula juro que chamar-lhe-ia totó e diria que a partir de agora dedicar-me-ia à meditação transcendental retirar-me-ia para um ermo longe do Homem sejam eles aquilo que forem para me dedicar a aperfeiçoar e a encontrar a minha vertente divina a essência das essências indiferente no que ocorre por esse mundo de Deus onde a ambição e egocentrismo a vaidade e as subtis manifestações de nobreza familiar erudição genética e sinais de riqueza tomaram as sociedades disruptivas cruéis mais obsessivas e umbilicais e onde o outro funciona sobretudo como trampolim ou socalco para cada qual se mostrar melhor

já a minha avó dizia que as palavras são como as cerejas a gente puxa uma e vêm logo umas tantinhas penduradas infelizmente nos assuntos esses saltam de tema em tema e nem dou por ela mas voltando à vaca fria no dia 24 de Novembro tenho a honra de lhe apresentar um livro que já há muito não me marcara e cuja leitura me levou a questionar esta sociedade estes seres humanos esta casta de gente que se preocupa formalmente com a imagem e descura a sua essência que consiste crucialmente na busca da liberdade consciente para se pertencer à condição humana para se sentir coerentemente apaziguado com o seu «eu» primordial

Manuela Rainho é moçambicana, septalescente assumida e reformada do ensino secundário. Desde muito nova que gosta de escrever. Foi sobretudo em Chaves, onde reside há cerca de 37 anos, que se iniciou como cronista e articulista de opinião. Este tipo de crónicas, que agora começa, pretende ser uma homenagem a grandes escritores que admira profundamente: José Saramago e Luís Sttau Monteiro.

OPINIÃO | Crónica da Nélita