quinta-feira. 28.03.2024

OPINIÃO | Crónica da Nélita

Confesso que já não estou para estas cavalgadas a saltar de cá para lá de lá para cá no entanto mesmo com as pernas a protestar lá conseguimos levar a Carta a Garcia ora lá está ela a falar por símbolos e mistérios que um cristão cumpridor mal consegue entender desculpe leitor amigo mas isto deve ser a ressaca do Porto do Douro com oitenta anos um autêntico licor dos deuses a que o comum dos mortais até sente calafrios às voltas ao sentir escorrer o delicioso néctar pela goela abaixo – aqui para nós – foi a melhor recompensa que pude saborear dado que o corre-corre já terminara no entanto como nada o fez esquecer esta FLIC6 que deu brado nas artes com a pianista Alice Spínola na Bracara House Café e a homenagem às musas e aos musos não retirou brilho solene da Abertura Solene da FLIC6 da mesa das Artes a que cerca de 50 pessoas assistiram deliciadas nem sequer a Inauguração Oficial da Mostra de Arte com artistas transmontanos de origem e de coração da VIA XVII onde o Salão Nobre reluzia numa profusão de cores escrupulosamente arrumadas e que encantaram os visitantes

Já no dia seguinte os mais pequenos foram surpreendidos pelo facto dos livros serem mágicos cerca de quatrocentos alunos do primeiro e segundo ciclos e ainda os alunos das escolas profissionais bem como os reclusos do estabelecimento prisional seguidamente houve apresentações de livros e mesmo e nessas temáticas actuais consideradas interessantes para quem as frequentou e assistiu a debates acesos e polémicos que logo se transformaram em pontos de vista divergentes que de certa forma impediram os intervenientes de dar por terminada a polémica para além da primeira tertúlia de café houve durante os dias de sexta-feira e sábado respectivamente no Sport e no Aurora facto que entusiasmou os habitués do café mas vá-se lá saber porque artes mágicas pôs uma sanfona a tocar frente àquela palavra branca e disforme que nos indica que estamos em Chaves (como se não o soubéssemos) uma música estrídula que debitava música pimba enquanto discutíamos os Années Folles e a que a Arte nos pode levar… (confesso que nunca pensei que se pudesse descer tão baixo) ainda houve tempo para irmos à mesa das Termas de Chaves que apesar de não ter aquistas que preferiram os tratamentos termais às reflexões filosóficas dos oradores convidados no entanto ainda houve pessoas que agradeceram estes momentos culturais mas talvez com horários diferentes

Sábado começou nevoento frio rabugento mas abordar o Plano Local de Leitura levou a que se chegasse a alguns critérios que agora basta começar a pôr em prática com a mesa do Café Aurora para além desta ser muito concorrida foi interessante e polémica qb depois de almoço com a actuação brilhante da Tuna Académica da Universidade de Rotary a que se seguiu uma mesa extraordinária espantosa que abordava a simbologia e mitologia dos grandes centros urbanos e não só enquanto espaços privilegiados de expansão de cultura

Se lhe disser que o futebol não nos atrasou a vida e retirou público mentiria mas acredite que no todo estes dias de loucura cultural movimentaram à vontade cerca de mil e tal pessoas agora falta a cereja no topo do bolo que foi a Atribuição dos Prémios de Mérito Literário e Artístico atribuídos pelo Rotary Club de Chaves atribuídos respectivamente ao escritor José Manuel Araújo e ao músico Marcelo Almeida com o Chaves de Honra deu-se por terminada a FLIC6 e assim já vamos a caminhar para a sétima pois se for possível será celebrada com a mesma dignidade orgulho e sobretudo com a força dos que a permitem existir

Manuela Rainho é moçambicana, septalescente assumida e reformada do ensino secundário. Desde muito nova que gosta de escrever. Foi sobretudo em Chaves, onde reside há cerca de 37 anos, que se iniciou como cronista e articulista de opinião. Este tipo de crónicas, que agora começa, pretende ser uma homenagem a grandes escritores que admira profundamente: José Saramago e Luís Sttau Monteiro.

OPINIÃO | Crónica da Nélita