Fui amigavelmente criticada pelo facto de nas crónicas que escrevo transparecer estados de alma, conflitos interiores, ódios de estimação e maravilhamento sobre a Natureza em toda a sua extensão. Os amigos que me criticavam sobretudo acerca da mágoa ou das revoltas que deixo escapar-se certamente que estão cheias de razão e fazem-no para que exponha tanto a minha sensibilidade exacerbada. Esta semana reflecti profundamente sobre esses desabafos emocionais e esses estados de alma mais evidentes permitiriam aos meus leitores tirarem conclusões sobre a minha vida interior ou se aqueles que se comprazem com a dor alheia «para sofrer melhor» ficariam mais realizados. Concluí que não; as minhas crónicas são sobretudo uma manifestação da forma como a realidade nos condiciona. Ora se para alguns isso é virilizarmo-nos é possível que tenham lá as suas razões incompreensíveis e ocultas para o fazerem. No entanto, nunca é esse o objectivo, para que digam: «coitadinha»! palavra que abomino, aliás mesmo nas situações mais angustiantes da minha vida sempre caí de pé como as árvores sou de cepa dura, mais de quebrar do que torcer.
Se por vezes me sinto fragilizada é normal que isso se reflicta na visão que vos dou da realidade que me envolve; todavia faço-o no sentido de denunciar certos factos, situações porque me sensibilizaram, revoltaram, ou agradaram, num mundo mágico é sinal que o possam fazer a outros e dessa forma ao lerem o que escrevo, sentem-se ressarcidos e aliviados, tipo: porra não sou só eu!
Somos uma comunidade prenhe de talentos, de pessoas com capacidades especiais que pelo facto de terem sido educados numa sociedade que enaltece as desgraças e os maus momentos nos torna taciturnos, zangados e focados nos aspectos menos felizes que nos desafiam na caminhada que temos de fazer para cumprir e ou justificar que aqui estamos. Logo, vamos começar por ter orgulho da nossa origem, da nossa identidade e trabalhar para que o que é realmente digno de ser enaltecido o seja.
Penso que se os factos são de enaltecer, o faço agora, se há outros a criticar, também o faço no sentido de alertar ou levar a reflectir. Por vezes os estágios de sensibilidade são, um tudo-nada coerentes com o estado de espírito ou do meu mau humor, mas quanto a isso nada a fazer, o que sinto, partilho. Está errado possivelmente mas vai ser difícil alterar. E depois a realidade social que nos invade, leva a que nos sintamos abençoados neste rectângulo que é Portugal; porém é imperdoável ficar indiferente às cavaladas que neste governo se tem amontoado.
Santa paciência, é todas as semanas um tiro no pé - Posso ficar indiferente? Obviamente que não! Julgo que esta crónica ajudou os que me lêem a percepcionarem as variantes que condicionam a minha escrita, mas não sou eu…. Sou, sim, o que penso.